Sobre a Feshka
Lá por volta de 2012, durante a minha época da faculdade, eu e meus colegas, Heitor Latosinski e Gustavo Jardim, sempre organizávamos algumas confraternizações. Uma das mais icônicas foi a Feshka. Uma festa de fim de semestre que ficou pra história porque sempre trazia uma temática diferente e bem divertida. Em 2022, nossa última edição, a temática foi pro lado do Sci-fi e tivemos a introdução de um manequim chamado Nikolai.
Em 2025, a banda Vårmåne, que o Heitor faz parte, queria fazer um novo show e surgiu a oportunidade de fazermos uma Feshka de Halloween.
A Feshka de Halloween
Eu sempre ajudei a criar o “hype” nos grupos de Facebook. Nas edições anteriores eu gravei alguns vídeos editados onde brincava com os temas das festas.
Nesta edição, decidimos explorar uma nova abordagem, afastando-nos da habitual temática sci-fi para mergulhar no universo do Halloween. Era importante conectar essa temática com as histórias e lendas que já abordamos anteriormente, principalmente com o Nikolai, que nesse ponto acabou virando um “mascote” da Feshka.
Com o Design do logo da Feshka criado pela Kalany Ballardin a Feshka ganhou outro patamar de evento. E foi fácil criar uma “vibe” para essa nova história.

Como estamos em 2025, a Inteligência Artificial domina o assunto em todas as parte, e eu aproveitei a oportunidade para explorar seu lado mais lúdico, algo inviável com clientes mais tradicionais que atendo. Assim, pude extrair e aplicar as funcionalidades mais criativas da ferramenta.
O Processo
O processo de criação para esses vídeos foi divertido. Primeiro tivemos várias reuniões para organizar a Feshka. Pontuamos todos os detalhes para a produção desse evento. Tudo isso em encontros onde no fim, sempre tinha um xis 😉
Definido os prazos e os detalhes, nós já tínhamos algumas diretrizes: precisávamos criar alguns vídeos para enviar no grupo da festa para “aquecer” os convidados e passar informações. Depois era preciso só encaixar um storytelling nessas informações. Nós prevemos 4 vídeos e 2 imagens.
Todos os vídeos foram escritos um breve roteiro com as falas separado por número de cenas. Isso foi importante para ajudar na criação das imagens com IA.
Aprovado o roteiro, eu já poderia começar a criar as imagens.
Workflow com IA
Antes de começar a criar as imagens, a Inteligência Artificial exige um preparo para a geração de imagens. Fiz uma pesquisa de referências de estilos que poderíamos usar. Inicialmente optamos por seguir dois estilos: um mais engraçadinho como bonecos de stop motion sugando a referência de O Estranho Mundo de Jack (1993) de Tim Burton e a outra mais brutal e sanguinolenta.


Por fim, optamos pela opção mais divertida mas acrescentamos uma pitada de Bosch, (mais precisamente no inferno do tríptico “O Jardim das Delicias”) nas composições dos personagens e das cenas.
Com isso definido, precisamos testar essas ideias com prompts e diferentes modelos de inteligência artificial dedicados à criação e edição de imagens. Esse é um processo que eu ainda não me acostumei e sinceramente achei um pouco frustrante. É difícil acertar o que você imagina com o que realmente a IA entende. Testar diferentes modelos ainda é um pouco caro, lento e confuso.

Além disso, a consistência é um problema à parte. Quando finalmente uma imagem boa é gerada é complicado usar ela de outra forma. O personagem Nikolai foi um desafio. Atualmente apenas as IAs Nano Banana e Seedream 4 conseguem preservar mais detalhes da imagem de referência ou editar a foto sem prejudicar a consistência.

Em algumas plataformas agregadoras de IA existe a opção de criação de avatares e personagens com base em algumas fotos. Esse modelo de treinamento eu não usei para este projeto. Pode ser que dê bons resultados, talvez eu teste no futuro.
Com o conceito estético alinhado, a próxima etapa é criar os frames para depois animar. Trabalhar com a IA é bem parecido com a criação de uma História em Quadrinhos nessa parte. O roteiro é a base para me ajudar a não me perder. Com ele definido, eu esboço algumas ideias de composição, ângulos e movimentos de câmera.


O roteiro com as imagens ajuda a entender melhor o ritmo da história e a aparência de cada cena. Também foi útil para mostrar para o pessoal e receber feedbacks antes de começar a animar as cenas.
A parte de animação é a mais chata porque demora um pouco mais de tempo para acertar. Além disso, é a mais custosa, consumido muitos créditos para 1 cena de 8 segundos que provavelmente vai precisar ser refeita porque a IA não seguiu o prompt…
Mas depois que as cenas vão sendo feitas e os personagens vão se movendo é muito legal de ver. Nesta etapa não tem muito mistério. Usei basicamente o Veo 3 para gerar as cenas.
A edição eu fiz no Capcut, acredite se quiser. A escolha foi porque é mais prático e me permite acessar o banco de áudio.
Depois de editar e processar o vídeo, nós achamos que seria ainda mais engraçado se nós dublássemos os vídeos. Então nos encontramos na casa do Heitor e gravamos os áudios. Foi uma experiência muito doida porque nem eu e nem o Gustavo dublamos antes. O Heitor foi nosso diretor e conseguiu fazer milagre com nossas vozes, haha.


Depois que o Heitor masterizou o som, nós publicamos no nosso grupo no WhatsApp da Feshka e animamos o pessoal.
O Prêmio
Como a Feshka de Halloween é a fantasia, pensamos em premiar a melhor fantasia com um troféu. A ideia surgiu de brincadeira e depois ninguém mais quis outra coisa. Nós pegamos o Nikolai e fizemos um modelo em 3D baseado em imagens que geramos previamente por IA. Usei o site Hitem3D que gerou as imagens, mas meu amigo Nathan Rainieri me ajudou a polir o personagem e ajustar para a impressão 3D.

